quinta-feira, agosto 26, 2004

Deparo-me, então, com uma questão significativa: a dúvida.

Tudo é simples; quando não é, a gente dá um jeito. Mas quando há a dúvida, inúmeras vezes torna-se impossível de tomar uma atitude, de mudar o foco da questão. A incerteza coordena as ações, e sem saber o que está acontecendo, como agir?

Em uma briga ou discussão, costuma-se saber a razão. Sem saber, não me parece possível reavaliar e chegar a um culpado, mesmo que este seja nós mesmos, e qualquer perdão ou desculpa que sair de uma situação dessas torna-se falso, e, sem dúvida, mais um motivo de incertezas.
Acredito até ser uma atitude irresponsável e hipócrita uma pessoa acusar e não argumentar, nem mesmo contar o ponto de vista ou o que se passa. Não vou me tirar disso. Talvez eu seja a perita em fazer isso. São tantas as pessoas que acabamos nos desligando por opção, mas sem nunca esclarecer os porquês...

E digo mais. Relações de qualquer nível passam por essa questão de dúvidas... desde a enquete da melhor amiga quando ela apronta, até se aquele olhar escondia um algo mais, ou se era esperada uma outra ação para consolidar algo que se questionava, e como esta não vem, ao invés de concluir negativamente, opta-se pela dúvida.

E claro que opta-se. Acredito que quase todo mundo escolha ficar em dúvida ao assumir uma resposta negativa ao que se espera... ao aceitar que erramos, que fazemos as pessoas se afastarem, ou mesmo que nos afastamos e ficamos estimulando falsas esperanças.

Ridículo falar assim, até porque tenho buscado o meu lado honesto, e por mais estranho que possa parecer, tenho encontrado. Mas é complicado falar certas coisas, mexer em certos baús; palavras vão, palavras vêm, e podem não ser as que a gente espera; baús sempre podem conter o inesperado, que nem sempre estamos preparados para mexer ou mesmo encarar.
Posso ainda dizer que não releio nunca o que escrevo, porque sempre pode bater mais questionamentos do que deveria, pode bater a insegurança, ou ainda a certeza de poder fazer melhor, por mais que, muitas vezes, isso seja a mais pura mentira.

Momento é uma verdade, mas quem sabe atribuir a ele o dom de certo ou errado?

A gente tem que decidir a hora de encarar a questão. Até lá, só resta-nos um suplicio a mais: a dúvida.

sábado, agosto 21, 2004

OK... É só o que sou capa de falar ultimamente... OK.

Parece-me que, cada dia, o mundo cria um obstáculo novo, que, obviamente, serve para te testar. O ponto é a forma de lidar com os tais obstáculos. A forma como tu deixas eles agirem em ti.
Por exemplo, quando tu está em desespero, sem encontrar saída, e todas as áreas da tua vida estão tumultuadas, parece que janelas se abrem. Esperanças surgem, num outro plano, este muitas vezes coberto por lixo e esquecido dentro de ti mesmo, existente mas desconsiderado.
Quando este plano passa a ser considerado novamente, quando supera-se o drama que é reestruturá-lo na vida novamente, começam as provações. Os problemas extras ainda existem, e normalmente apegamos-nos ao único caminho que parece dar certo (no caso, este reestruturado), como se neste estivesse a nossa salvação, a resolução de todos os outros problemas e, ainda, o caminho da felicidade plena e total.
Eis que, quando se recria as tais esperanças em cima de tal ponto da vida, começam a seguir uma nova seqüência de desafios; parece-me que quando estamos mal, por mais que encontremos áreas plenas, algo nos intui de fazer tudo o possível para voltar ao estado mal. Pode ser um instinto, uma força superior, qualquer coisa. Não vou questionar credo nenhum aqui (hoje). O ponto é que quando apostamos em um elemento novo como solução, quando finalmente depositamos esperança neste novo elemento, parece que ele nos trai. Indiferente se nós causamos a tal traição, ou se nos traímos acreditando no que já havíamos matado antes em nós mesmos, mas há essa falha.
A expectativa faz mal, principalmente quando mal fundamentada ou apelativa, na qual tu deposita toda a esperança retraída diante de falhar circunstanciais.

Recordo-me, então, da máxima “quando não se espera algo de alguma coisa, daí mesmo que não sai nada”, a qual eu vou completamente contra!
Porque, inúmeras vezes a melhor solução surgiu de onde não se esperava; a melhor palavra veio de quem não se conhecia; o melhor carinho surgiu no meio de um susto.

Isso me lembra de uma historinha que acho que todo mundo vivenciou de alguma forma, mas que eu costumava contar para acalmar as amigas em momentos de desespero.

Lembra quando você era bem pequeno(a)?
Era um dia de chuva, a sessão da tarde tava passando um filme que não dava pra se ver, de tão chato, e teus brinquedos pareciam não satisfazer nada do que tu queria?
Pois bem. Daí tu corria até a tua mãe, e ela DEIXAVA tu convidar um amiguinho pra brincar!
E tu ligava para ele. E ele PODIA ir até a tua casa!
Uma emoção!
Mas daí tu ia (como um debilóide) até a janela para esperar o menino... e ele nunca chegava...
E tu já ficava num stress, achando que ele não ia mais vir (eu costumava fantasiar com todas as fatalidades que pudessem acontecer), e tua mãe, com pena, te levava um suco, uma torradinha, um copo d’água.
E ele nunca chegava...
Daí tu ia buscar um danoninho, um Yakult e um pedaço de melancia.
... e ele nunca chegava...
De repente, ainda na janela, tudo aquilo começava a fazer efeito no estomago. Sim, um belo revertério se aproximava!
Correndo, então, a caminho do banheiro, a única coisa que te consolava é que ele ia demorar para chegar, afinal, não tinha chegado em todo esse tempo!
Mas quando, finalmente, tu te sentava e concluía que a coisa podia demorar, a campainha tocava.
Ele chegou.



sábado, agosto 14, 2004

Remexendo numa série de coisas guardadas há anos, encontrei muitos rascunhos, recortes e testes de muitos anos atrás, que eu guardava por algum motivo.
Acho que está na hora de encarar o passado, remexer nos lixos pessoais.
Na série de coisas que colocarei aqui, procurarei colocar o que encontrei de interessante, mas quero criticas. Espero que gostem.
Ando meio confusa para conseguir confundir vocês ainda mais com as mais belas teorias do mundo...


Mesmo assim, divirtam-se!


... nada como um pouco mais de conhaque no café...




As danças dos infiéis
Desmascaram a lua.
Hoje o sol brilha mais intensamente
Mesmo por trás desta tempestade.
Hoje voltarei o ao passado.
Verei minhas mudanças.
Sofrerei a morte lenta dos meus sonhos.
Recriarei meus sonhos infantis,
Que eu perdi quando tentei começar a viver.
Os perdidos se voltam a meu favor
Morreremos ao entardecer.

segunda-feira, agosto 09, 2004

Faz um certo tempo que não escrevo, e por um lado isso é bom; minhas novas crises existenciais parecem ter mais valor do que realmente têm.
Deparo-me, hoje, com uma questão que tenho como significativa. Argumentando, preciso explicar, erroneamente, com certeza, tudo o que se passa na minha pseudo-vida, ou na minha concepção de vida atual_ não sei ao certo.

Acredito ser crise de aniversário, pois odeio fazer aniversário. Hoje entrei numa das fases negras do ano, e só se repetirá na época de Natal e Ano Novo. É a fase que não se define como depressão, apenas como a união de todos os erros, das apostas erradas, dos tropeções e do desespero acentuado, e tudo, obviamente, vem junto de uma leva só. De brinde, normalmente, vem a bela história de emoções; um ser Spockiano normalmente não tem sentimentos, mas investe na Vida Longa e Próspera.
Avassaladoramente, tudo se ressaltou em um fim de semana, que foi completo apenas hoje. Logo, hei de abordar apenas o que me deixa confusa, mas sem encher o saco mais uma vez.

Acabei de ver Homem Aranha II. E como estou completamente confusa, este acabou por ser o que deu origem a mais uma metáfora de vida.
Se nós somos os heróis da nossa vida, os protagonistas, que sempre mantêm a força e a segurança para fazer o filme continuar, como fazer quando a gente quer assumir o papel vulnerável da mocinha, poder cometer erros para o protagonista corrigir e ainda ser salva no final? E, se deixar na reta, ainda ter um beijo insano e promessas de amor eterno?
Questiono isso porque hoje considero estupidamente difícil aceitar esse tipo de promessas. Sempre falham. Podem até ser verdade, mas na hora da prática, falham.
É muito complicado entender porque afirmações vêm, principalmente quando tu não pergunta ou pede. Principalmente quando vêm de alguém que já significou (ou ainda signifique, mas foi deletado do sistema por receios) muito. O pior ainda, creio eu, é quando vêm três anos atrasados.
É complicado para qualquer pessoa deparar-se com um individuo que sempre, sob qualquer circunstância, baixou nossas defesas, e de repente notar que ele não baixa mais. Complementando, ainda posso dizer que quando as defesas se elevam muito, a gente precisa baixá-las, mas isso sai do controle, e a gente acaba perdendo os mecanismos antes infalíveis.
Podemos concluir, ainda, que quando a gente investe em algo, de qualquer espécie, podemos acabar excluindo outro modelo, que poderia ser a real solução.
Porque quando nós mesmos criamos um problema onde é quase impossível solucioná-lo sozinho, temos de assumir a necessidade de outra pessoa, nem que seja como um peão, sacrificável no jogo. Podemos nos importar com o peão; lutar por ele. Mas o uso dele é devido para tal fim: a proteção do rei.

É muito complicado se deparar com tais idéias. É complexo lidar com a dúvida. Torna-se impossível saber escolher quem será o peão desta vez, mesmo sabendo que não podemos nos sacrificar. Saber em que ou em quem acreditar. As contradições que hoje inúmeras fontes mostram sempre confundem. Uma atitude premeditada, que não resulta no objetivo desejado, acaba parecendo o sacrifício de um peão em vão, e por mais que deixar o rei à mostra possa resultar em um descuido do adversário, pode igualmente resultar na perda do jogo.

E a questão segue: quando queremos deixar de ser o protagonista desse filme, temos nós mesmos de nos dar o cheque-mate? Algum adversário nos pouparia? Há como se ter certeza disso? E, a questão ainda melhor, alguém entendeu alguma coisa desse texto?